Quando o resto da família não compreende ou aceita a alergia alimentar das crianças

2019-12-01

Quando o resto da família não compreende ou aceita a alergia alimentar das crianças

Um estudo de 2017 descobriu que um terço das crianças que tiveram reações anafiláticas estavam a comer sob a supervisão de um adulto, e que em dois terços dos casos esses adultos não eram os seus pais. A maioria desses adultos ignorou a rotulagem dos alimentos embalados ligados à reação. Um outro estudo constatou que, entre crianças menores de 15 meses, 51% das reações alérgicas estavam relacionadas a cuidadores que não os pais que alimentavam uma criança.

Um dos problemas das alergias alimentares é que, a menos que esteja a ocorrer uma reação, a doença é invisível. A criança geralmente parece perfeitamente saudável, exceto quando ingere o seu alergénio! Aqueles que nunca testemunharam uma reação alérgica podem ter dificuldade em entender que a mera comida possa ser tão perigosa. Muitas vezes é um desafio convencer os familiares dessa hipótese. Muitas vezes ouvem-se respostas tipo: "ninguém nunca teve problemas com a minha comida antes”, ou “mas fui eu mesmo que preparei a refeição".

Habitualmente a tensão é maior com os avós de crianças com alergias alimentares. Às vezes, acham que os pais estão apenas a ser cautelosos demais ou que desconfiam da sua capacidade para manter os netos em segurança. O conceito de que a comida pode ameaçar a vida de uma criança é um difícil de aceitar, e pode levar alguns familiares a acusar os pais de serem superprotetores ou muito exigentes. E ambas as partes acabam se sentindo incompreendidas e invalidadas.

Às vezes são as pessoas de quem se é mais próximo e que se esperam ser as mais cooperantes, que são as mais difíceis. Muitos pais relatam tempos frustrantes a tentar transmitir os cuidados necessários para evitar exposições acidentais a alergénios. Se estão a fornecer informações sobre as necessidades alérgicas de seus filhos e da sua saúde, então, por que é que as suas famílias não entendem?
Não há uma resposta universal, podem ser causas diferentes consoante os casos, mas na maior parte das vezes estão amplamente relacionadas com a comunicação. Depende de como as mensagens sobre as necessidades e a alergia alimentar são dadas - e de quão recetivo o ouvinte é ao que está a ser transmitido. O trabalho de ensinar as regras alimentares a parentes próximos, como avós, tios e primos, é um desafio contínuo. E exige persistência.

Com alergias alimentares, a curva de aprendizagem dos familiares acentua-se ao longo do tempo, pelo que a persistência é indispensável.
Funciona melhor se introduzir as informações em etapas. Quando se começa a educar os familiares sobre as novas precauções para manter as crianças com alergias seguras, os pais devem inicialmente diminuir as expectativas e fazer muito trabalho por conta própria. Isso significa levar alimentos seguros para eventos familiares, além de antecipar que alguns familiares mesmo que bem-intencionados vão cometer erros, portanto, é necessário ficar de olho!
Com a exposição repetida às regras e aos limites estabelecidos nesse período de tempo, muitos familiares acabarão por compreender. Mas tem que haver uma vontade. Poderá ser útil levar esses familiares a uma consulta com o médico. Por vezes a forma como se comunica e o interlucoter ter formação em Saúde altera a perspectiva.

Também é útil ser o anfitrião com mais frequência, onde os pais podem controlar o que é servido e verificar os pratos recebidos. Os pais podem recusar gentilmente a oferta de alimentos de alguém, mesmo que confecionados com boas intenções, apenas informando: "A saúde e a segurança da criança sempre têm que vir primeiro".

Se com o tempo alguns membros da família são sempre resistentes a medidas para proteger uma criança de reações alérgicas, podem instituir a regras que esses familiares podem visitá-la, mas não é permitido que eles cuidem da criança sozinhos.
Com alguns céticos de alergia, adotar uma atitude mais intransigente pode trazer resultados. Há quem opte por proibir absolutamente o contacto desses familiares com as crianças. Este será uma opção radical e de última linha, mas muitas vezes acaba por ser transitória porque consegue induzir os comportamentos pretendidos nesses familiares.

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