Alergia ao AMENDOIM e outras LEGUMINOSAS

2019-05-08

Alergia ao AMENDOIM e outras LEGUMINOSAS

As leguminosas são plantas dicotiledóneas cujos frutos são vagens ou legumes. A família Leguminosae contém cerca de 30 espécies diferentes que incluem alimentos como os feijões, as ervilhas, as lentilhas, rebentos de soja e amendoim. Caracterizam-se por conterem proteínas de alto valor biológico, formando parte fundamental da dieta de muitos países. As gomas vegetais, extraídas de sementes ou exsudados de plantas leguminosas, são também largamente utilizadas como espessantes e estabilizadores na indústria alimentar. Diversos aditivos alimentares têm origem em vegetais desta família.
As proteínas das leguminosas classificam-se em globulinas (80%) e albuminas. As globulinas são as principais proteínas de armazenamento, compreendendo as vicilinas e as leguminas.
As proteínas alergénicas das leguminosas são habitualmente resistentes à desnaturação térmica, química e proteolítica. Além disso, existe capacidade potencial de aumento da antigenicidade destas proteínas. A exposição a temperaturas elevadas pode, inclusivamente, originar novos epítopos ou expor epítopos ocultos.
Está descrita a existência de elevado grau de reatividade cruzada imunológica entre as leguminosas. No entanto, esta não reflete, necessariamente, a existência de reatividade clínica. Como as diferentes espécies de legumes possuem proteínas homólogas, é frequente encontrar IgE específica para vários legumes, em indivíduos que são clinicamente alérgicos a um deles.
A maioria dos doentes alérgicos ao amendoim tolera as restantes leguminosas. A alergia ao amendoim associa-se, com maior frequência, a alergia a outros frutos secos, pelo envolvimento de proteínas de reserva comuns. Os alergénios Ara h 2, Ara h 6 e Ara h 7 são as conglutinas, habitualmente envolvidas na reatividade cruzada entre o amendoim e outros frutos secos. Estes alergénios pertencem à família das albuminas 2S. As manifestações clínicas de alergia a legumes incluem síndrome de alergia oral, urticária e angioedema, rinite, conjuntivite, asma e anafilaxia. As manifestações respiratórias são relativamente comuns, podendo ocorrer crises de asma por inalação de vapores de cozedura de legumes. A utilização do amendoim e da soja na indústria de panificação e pastelaria é frequente, sendo utilizados, muitas vezes, em quantidades tão pequenas que nem sempre são mencionadas nos rótulos das embalagens. Poderão, assim, funcionar como alergénios ocultos e desencadear reações anafiláticas em indivíduos altamente sensibilizados.
O diagnóstico de alergia a leguminosas não deve basear-se exclusivamente em testes cutâneos e na determinação de IgE específica. A eliminação da dieta de todas as leguminosas não está indicada, ainda que os doentes apresentem múltiplas positividades.
A decisão de suprimir uma leguminosa da dieta deve basear-se em prova de provocação oral positiva, se não existir contraindicação à sua realização. A sensibilização parece depender, sobretudo, dos hábitos alimentares e da idade de introdução de leguminosas na dieta.

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