Alergia a peixes

2019-06-28

Alergia a peixes

Os peixes são classificados em 61 ordens que contêm mais de 6000 famílias, representando mais de 53.000 espécies. Dependendo se eles têm um esqueleto calcificado ou cartilaginoso, são classificados como osteófitos ou condroitioses.

O aumento do consumo de peixe devido ao seu alto valor nutritivo e a promoção de dietas saudáveis tem conduzido a uma maior frequência de reações adversas, incluindo alergia. Em países como escandinavos, Espanha e Portugal, é um dos alérgenos alimentares mais comuns em idade pediátrica e em adultos. Nas crianças pequenas, a alergia ao peixe é o terceira causa mais frequente de alergia alimentar, a seguir ao leite vaca e ovo, na maioria dos países da Europa.

Estão descritos vários alergénios nos peixes, sendo as proteínas parvalbuminas as principais implicadas e também responsáveis pela elevada reatividade entre diferentes espécies. A reatividade cruzada imunológica entre diferentes espécies de peixes tem, habitualmente, relevância clínica. Aproximadamente 50% dos alérgicos a uma determinada espécie apresentam risco de reacção a uma 2.ª espécie. Porém, existem casos de alergia específica a uma única espécie, por isso vale sempre a pena fazer o estudo alergológico.

O conteúdo em parvalbuminas do músculo vermelho dos peixes é 4-8 vezes inferior ao conteúdo no músculo branco, e por isso esses peixes mais escuros (por exemplo atum, cavala) são mais bem tolerados por doentes com alergia ao peixe. A maioria das reacções alérgicas ocorre com a ingestão de peixes pertencentes às famílias dos Gadiformes (ex. pescada e bacalhau) e dos Pleuronectiformes (ex. peixe galo, linguado, solha).
Espécies habitualmente bem toleradas incluem-se nas famílias Escombridae (ex. atum, cavala), Esparadae (ex. besugo e dourada), Serranidae (ex. robalo), e Xiphidae (peixe-espada).

Tal como as restantes alergias alimentares, também ao peixe podemos ter alergia IgE mediada ou não IgE-mediada
A maioria das reacções alérgicas IgE mediadas ao peixe ocorrem por ingestão. No entanto, existem alguns casos de reações por inalação e por contacto.
Os sintomas relacionados à alergia mediada por IgE são geralmente urticária aguda e angioedema. Também pode ocorrer síndrome de alergia oral, sintomas respiratórios como rinite ou asma, sintomas gastrointestinais, como náuseas ou vómitos e mesmo anafilaxia.
Em cerca de 5 a 10% dos casos de reações alérgicas por peixes ocorre a chamada enterocolite induzida por proteínas alimentares (FPIES). Nestes casos, a primeira manifestação geralmente aparece durante o primeiro ano de vida. Ocorrem vómitos cerca de 2-4 horas após a ingestão (e por vezes diarreia) que causam desidratação e letargia. Pode progredir para acidose e choque se o tratamento de suporte não for iniciado. Como não é mediada por IgE, os testes cutâneos são negativos, assim como as análises de IgE específica. O tratamento requer fluidoterapia intravenosa e geralmente este tipo de alergia tende a resolver-se até aos 4-5 anos de vida.

O diagnóstico de alergia a peixes é semelhante ao das restantes alergias alimentares: elevado grau de suspeição baseado em história clínica cuidada, complementado por testes cutâneos (com extrato comercial em frasco ou utilizando o peixe suspeito no método picada-picada) e/ou análises de sangue para pesquisa de IgE específica. Conforme os casos, poderá ser necessário realizar prova de provocação oral para comprovar o diagnóstico ou identificar alguns peixes que sejam tolerados.

O tratamento da alergia a peixes é evitar rigorosamente, bem como reconhecer e tratar rapidamente as reações. Em um estudo recente, 35% dos pacientes alérgicos a peixes sofreram uma reação acidental por exposição a vapores ou ingestão de peixes como um alergenio oculto, indicando que a prevenção estrita nem sempre é possível.

Em contraste com a alergia à proteína do leite de vaca ou ovo que são transitórias, a alergia a peixes pelo contrário tem tendência a geralmente persistir ativa.

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